04 de Março de 2016 Mercado: Toyota e JAC Motors preveem um 2016 ainda mais díficil
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Mercado: Toyota e JAC Motors preveem um 2016 ainda mais díficil

por Eduardo Ruano

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Os últimos lançamentos no setor automotivo foram marcados por discursos acerca do panorama do mercado brasileiro. A crise econômica que assola o país congelou planos, atrasou lançamentos e forçou as marcas a reverem suas estratégias. Antes um mercado em plena expansão, o Brasil se prepara para uma queda ainda mais abrupta em suas vendas.

Os números não mentem. Em um passado nada distante, o país viveu uma significativa expansão no mercado automotivo com um importante crescimento nas vendas, quando saiu de 1,7 milhões de carros vendidos em 2006 para 2,5 milhões em 2007. Os números foram crescentes, chegando a 3,1 milhões em 2009, com maior pico de 3,6 milhões em 2012. Na época, as expectativas eram de superar os 4 milhões em 2016.

A queda começou em 2014, quando as vendas passaram de 3,6 milhões (2013) para 3,3 milhões (2014). Foi a primeira vez em quase 10 anos que o emplacamento de carros novos no Brasil diminuiu. Mas foi em 2015 que a crise se instalou de vez: saímos da marca de 3 milhões para apenas 2,4 milhões.

As previsões para 2016 são pessimistas: com o desemprego crescente, podendo subir de 9% para 12,5% até o final deste ano, o cenário econômico é de medo. A média diária de vendas de automóveis já mostrou queda, reflexo da diminuição de renda da população, que acumula contas de serviços essenciais cada vez mais caras. Em 2012, a média diária de vendas bateu recorde, com 15 mil carros/dia, número reduzido para 7 mil em janeiro de 2016.

Sérgio Habib, presidente da JAC Motors do Brasil, durante o lançamento do novo T5, fez algumas de suas previsões de mercado:

"Eu duvido que nós seguremos 7 mil carros por dia em 2016. Os carros vão subir mais que a inflação, pois os preços deles estão represados."

Para Habib, o país só se recuperará totalmente aos volumes de venda que tinha em 2012 somente em 2024, com um crescimento gradual e constante. O ano de 2017 será marcado por uma lenta recuperação, de cerca de 6%, segundo o executivo. Já em 2010, as vendas terão seu maior aumento estimado de aproximados 15%, atingindo o pico entre 2018 e 2021.

Por conta de todos esses fatores, a JAC decidiu mudar seus investimentos no Brasil. Ao invés de apostar em uma fábrica para 100 mil carros por ano com a produção de modelos populares e financiada com investimentos da matriz, a planta será toda financiada pelo grupo SHC, de Sérgio Habib. Além disso, a unidade terá produção de 20 mil carros por ano e de apenas um modelo, o SUV T5. Construída em Camaçari, na Bahia, ela fica pronta ainda este ano.

Perspectiva estratégica da Toyota

Uma das saídas encontradas pela Toyota para tentar contornar a crise do mercado brasileiro foi partir para a exportação. Em vista da queda de 26,6% das vendas em solo nacional e da retração de 22% da produção, a montadora japonesa aumentou suas exportações em 24,8%, especialmente do Etios (sedã, hatch e cross) e do Corolla.

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Apesar do aumento de market share da Toyota em janeiro de 2016, chegando a 8% ante os 6% do ano anterior, as vendas foram minimizadas se analisadas em unidades. O crescimento se deu apenas em modelos mais caros, com o expressivo aumento de vendas do Prius em 180% e de 60% do Lexus, graças à abertura de novos pontos de venda.

Tanto JAC quanto Toyota, além de tantas outras marcas, para 2016 a aposta é nos SUVs. Eles cresceram 340% em vendas entre 2005 e 2015, além de se tornarem responsáveis por agregar valor para as marcas e trazer maiores doses de lucro.

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