29 de Outubro de 2015 Um inimigo chamado Buraco
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Um inimigo chamado Buraco

por Bruno

O buraco é um velho companheiro dos motoristas brasileiros. É comum encontrá-los a cada esquina e surpreender-se com novas depressões que até ontem não estavam ali. A situação já foi pior, mas por que nos acostumamos a encarar esses obstáculos como parte integrante de nossas ruas e estradas? Os buracos estão tão entranhados em nosso dia a dia que até os amortecedores de nossos carros têm características modificadas para suportar os trancos e solavancos diários. Além disso, um carro europeu, por exemplo, costuma ser mais baixo que um carro nacional ou fabricado para o nosso mercado. A luta entre os tapa-buracos e as depressões é ingrata e a causa está na qualidade do asfalto utilizada na maioria dos serviços de conservação das vias. Um asfalto composto por betume misturado à areia, pó de pedra e gravilha a 200°C era majoritariamente utilizado nas ruas e estradas brasileiras até os anos 2000. Em geral não havia distinção entre pisos, ou seja, vias que recebessem um fluxo maior ou menor de veículos pesados eram tratadas com o mesmo tipo de asfalto: o  resultado, você já conhece. Mas a partir dos anos 2000, quando a patente da tecnologia do asfalto verde venceu, uma mistura asfáltica composta de ligante e raspas de pneus passou também a ser aplicada, sobretudo por concessionárias de rodovias estaduais. O asfalto verde é mais resistente a rachaduras devido à integração das qualidades da borracha e é mais barato devido a parte da matéria-prima ser proveniente de refugos, pneus que iriam para o lixo. Outra tecnologia de maior durabilidade é o Whitetopping, que consiste na aplicação de placas de concreto sobre a mistura asfáltica. O preço dessa tecnologia é altamente competitivo e você pode observá-la nos novos corredores de ônibus da cidade de São Paulo, ou ainda nos trajetos do BRT de Curitiba. Mas no geral, sobretudo em pequenas cidades, a mistura de asfalto pobre ainda impera. E ao longo do tempo nos acostumamos, reclamamos e, sobretudo, toleramos os buracos. Dica: caso você sofra algum acidente ou tenha prejuízos materiais causados por um problema na via, você deve recorrer à justiça, pois a conservação e a manutenção das vias é de responsabilidade do poder público. Registre boletim de ocorrência, reúna provas como fotos do local e das condições do veículo e consiga testemunhas. No caso de ferimentos, também serão necessários laudos médicos. Se o buraco estava em área urbana, a ação deve ser contra a prefeitura. No caso de rodovias privatizadas, a ação é contra as concessionárias. No caso das estradas públicas, a ação pode ser contra o governo estadual ou o federal. Dirija cautelosamente e preste muita atenção às vias. Seus amortecedores, rodas e pneus agradecem.