01 de Abril de 2016
Mercado

Carros usados em tempos de crise

por Eduardo Ruano

carros usados em tempos de crise_main

Créditos da imagem:  Bartolomiej Pietrzyk

Em uma época em que o noticiário econômico é dominado por expressões como "instabilidade econômica", "desemprego" e "queda no poder aquisitivo", muitas dúvidas surgem na cabeça de quem pensa em trocar de carro. Dentre elas, qual seria a melhor opção de negócio, um carro zero quilômetro ou um usado.

Para ajudar você a descobrir qual o melhor caminho a seguir, contamos com a ajuda do consultor financeiro Alexandre Lignos, da IGF consultoria. Mas, antes de chegar na questão "novo x usado", o consultor alerta que o consumidor deveria se fazer uma pergunta mais básica e fundamental: eu realmente preciso trocar de carro?

"Muita gente coloca na cabeça que precisa trocar de carro a cada dois anos, por exemplo, e segue isso à risca, ainda que sua situação financeira não seja das mais favoráveis", diz o consultor. "Mas é importante avaliar que, depois de dois anos, muitos carros ainda estão na garantia (algumas marcas oferecem atualmente até seis anos). Se ele estiver com uma quilometragem baixa, ainda não demandará tanta manutenção (o que, normalmente, acontece nas revisões após os 50 ou 60 mil quilômetros). Em uma situação assim, vale investir nas manutenções preventivas e ficar com o carro".

Há, claro, uma série de situações em que a troca do veículo se faz necessária, por um motivo ou outro. A família cresceu, o carro será usado para viagens a trabalho, ou será usado para transportar coisas. Se é o caso de trocar o carro, independente do motivo, o pagamento à vista é sempre, do ponto de vista do consumidor, a forma mais vantajosa, uma vez que ele pagará apenas pelo carro e não pelos juros do financiamento. Mas é preciso ter cuidado para não cair na tentação.

"Recentemente, um cliente para quem prestamos consultoria e fizemos todo um planejamento financeiro, juntou o valor "x" para comprar determinado carro. Mas, ao ir até a concessionária, ele acabou comprando um carro mais caro, financiando a diferença", relata Lignos. "A concessionária sempre irá tentar te oferecer um carro mais caro e incentivá-lo a pagar parcelado, pois assim o seu lucro será maior", explica. "É preciso ter calma e cabeça fria, em qualquer tipo de compra. Use sempre com a razão, nunca e emoção".

Com o dinheiro na mão, a opção por um modelo usado pode ser mais vantajosa financeiramente. Com o mesmo valor, é possível encontrar modelos usados maiores e mais equipados do que os zero quilômetro (ou seja, você pode achar o carro que precisa sem se endividar, o que é o cenário ideal).

"Quando se compra um usado, há o alívio no valor total por conta da depreciação que acontece a partir do momento em que o carro é faturado e deixa a loja", diz Lignos.

É importante que o consumidor tenha em mente que a aquisição de um usado pode ser mais vantajosa, mas certamente dará mais trabalho. Afinal, não basta escolher marca, modelo e ano. É preciso certificar-se que ele está em um bom estado de conservação, checar sua procedência, documentação e, também, negociar com o vendedor. Lignos lembra também que quando as vendas estão em baixa, são maiores as chances de aparecerem ótimos negócios.

No entanto, se a compra é realmente necessária, mas o dinheiro não permite comprar à vista nem mesmo o usado, é hora de fazer contas. "Os juros para financiar um carro usado sempre são maiores que o de um carro novo", explica. Dessa forma, é preciso calcular todos os gastos nas duas situações e avaliar se o carro usado, no final, não sairá a um valor muito próximo do que seria gasto com o carro novo.

Lignos dá algumas recomendações importantes para quem for contratar um financiamento, independente se o carro for zero ou usado. "Sempre recomendamos que a pessoa não comprometa, com dívidas, mais do que 30% do seu rendimento familiar", diz, explicando que deve-se somar todo tipo de financiamento, desde imóveis a eletrodomésticos. E, frente a um cenário de instabilidade econômica, ele também recomenda que não se contraia financiamentos superiores a 12 meses.

Por fim, Lignos também lembra que boas oportunidades também podem aparecer no mercado de novos. "Por exemplo, carros com design mais antigo acabam usando o preço para se manterem atrativos. E descontos podem ser obtidos em modelos que estão prestes a serem reestilizados", finaliza.

*Via